quinta-feira, 29 de abril de 2010

O presente de Pandora...




O que fazer quando ninguém mais pode salva-lo?
Quando seus pais, padres, terapeutas e amigos não puderem sanciona-lo em seu caminho;


O que fazer quando se apaixona perdidamente por algo que não é, nem nunca será seu?
Quando o mundo em que se vive tem que ser deixado, junto de tudo e de todos que estão com ele;


O que fazer quando sua obrigação é estar só?
Quando a solidão assume o posto de fiel companheira, e ela indubitávelmente é;


O que fazer com o resto do tempo?
Quando sua mente se desprende e o espírito se prende a saudade do cotidiano fútil, mas amável.


O que fazer quando a luz é forte demais?
Quando se é tarde demais pra qualquer coisa;

terça-feira, 6 de abril de 2010

Morte aparente...



Deixo meu pequeno frasco,
aquele mesmo que me trouxe a morte,
imbuido em saliva amarga, tortuosa,
o desgosto e o gosto que me lembram você,

Deixo minha lágrima iracível
as traças iradas com insaciável fome,
a grandeza do extermínio de outrora,
que não chora, sorri,
ao ve-la partida ao meio.

Deixo peso em alma náufraga,
escassa de amor, positivismo,
para que os frutos sejam pútridos,
e o amanhã não seja...

Não deixo a morte,
mas esconjuro o amor,
alcunha fúnebre das feridas ediondas,
dos lúgubres lamentos,
do tormento vivo que é você,

Deixo pronta as malas,
para o infortúnio de mais palavras,
espinhos e facas dilacerantes,
que se desculpam, agonizantes...

Em dor não se fala,
se cala,
tortuosa escala em sofrimento,
crescente, ... aparente,
descrente, .... envenenada,
onde o veneno é a paz,
de não ve-la,
mas de arrancar-lhe a cabeça,
e repousar decapitada,
ao meu lado.

Deixo nossos corpos desabitados,
e nossas cabeça desprendidas,
para que ao amanhecer só existam restos,
e os corvos brindem a nossas vidas,

Deixo incontáveis coisas,
seu cheiro, pele e amabilidade,
que o vento leve a insaciabilidade,
de uma separação iminente,
do terror em suspenção,
dessa morte aparente...