domingo, 23 de agosto de 2009

Amor no hospício


Uma estranha chegou,
A dividir comigo um quarto nessa casa que anda mal da cabeça,
Uma jovem louca como os pássaros,

Que trancava a porta da noite com seus braços, suas plumas.
Espigada no leito em desordem.
Ela tapeia com nuvens penetrantes a casa à prova dos céus

Até iludir com seus passos o quarto imerso em pesadelo,
Livre como os mortos,
Ou cavalga os oceanos imaginários do pavilhão dos homens.

Chegou possessa
Aquela que admite a ilusória luz através do muro saltitante,
Possuída pêlos céus
Ela dorme no catre estreito, e no entanto vagueia na poeira
E no entanto delira à vontade
Sobre as tábuas do manicômio aplainadas por minhas lágrimas deâmbulas.

E arrebatado pela luz de seus braços, enfim, meu Deus, enfim
Posso de fato Suportar a primeira visão que incendeia as estrelas.
(Dylan Thomas)